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O FAZER MUSICAL: Competitividade, Incertezas e a Necessidade de Profissionalização



Ser músico é um caminho que exige paixão, disciplina e resiliência. Contudo, o que muitas vezes se aprende nos conservatórios e universidades não prepara completamente os artistas para os desafios reais que encontram no mercado. Entre partituras e ensaios, há um outro conjunto de habilidades que se torna essencial para sobreviver e prosperar: a capacidade de se profissionalizar e de navegar pelas complexidades burocráticas e mercadológicas da carreira.

O primeiro grande desafio é a competitividade. O mercado da música, especialmente no Brasil, é acirrado. Para cada vaga em uma orquestra, coro ou companhia, há inúmeros candidatos igualmente qualificados, e a concorrência não se limita ao talento musical. O networking, as oportunidades de estar em evidência, e a visibilidade que o músico consegue construir ao longo do tempo são igualmente cruciais. Isso significa que o músico deve ser ativo em eventos, audições, e se engajar em redes sociais e plataformas profissionais. Estar presente, assistir a espetáculos, ler publicações especializadas, e, acima de tudo, conhecer as pessoas certas, pode fazer a diferença entre conseguir uma oportunidade ou ficar à margem.

Outro desafio significativo são as incertezas da profissão. Ao contrário de carreiras mais tradicionais, onde há uma trajetória clara a seguir, o caminho de um músico pode ser imprevisível. Contratos temporários, mudanças constantes no setor cultural, e a necessidade de se reinventar constantemente são parte da rotina. Além disso, a dependência de financiamentos públicos ou privados, e a instabilidade econômica do país, afetam diretamente as oportunidades de trabalho.

Nesse contexto, a profissionalização se torna um imperativo. Muitos músicos acabam se deparando com a necessidade de formalizar sua carreira, muitas vezes através do registro como Microempreendedor Individual (MEI). Isso não é apenas uma questão burocrática; é um passo fundamental para garantir que o trabalho seja reconhecido e valorizado. Emitir nota fiscal, por exemplo, é uma prática que demonstra seriedade e compromisso. Além disso, é uma forma de garantir que os direitos do músico sejam respeitados, desde a segurança jurídica até a possibilidade de acessar benefícios como previdência social e crédito para investimentos na carreira.

Infelizmente, muitos conservatórios e cursos de música ainda não preparam os estudantes para essa realidade. As aulas, muitas vezes focadas exclusivamente no desenvolvimento técnico e artístico, deixam de abordar temas cruciais como planejamento financeiro, marketing pessoal, e gestão de carreira. O resultado é que, ao se formarem, muitos músicos se veem perdidos diante das exigências do mercado, sem saber como se posicionar ou como transformar seu talento em uma carreira sustentável.

É essencial que as instituições de ensino comecem a integrar essas disciplinas em seus currículos, preparando os futuros músicos para o que os espera fora das salas de aula. Contudo, até que isso aconteça, cabe ao próprio músico buscar essas informações, seja através de cursos de capacitação, leitura de material especializado, ou consultando profissionais experientes da área.

Por fim, é fundamental que o músico entenda que, além de ser um artista, ele é também um prestador de serviços. E como tal, deve tratar sua carreira com o mesmo profissionalismo e seriedade que qualquer outra profissão exige. Isso implica em planejar suas finanças, construir uma rede de contatos sólida, e estar sempre atento às oportunidades que surgem, além de garantir que todos os aspectos burocráticos e legais de sua atividade estejam em ordem.

A jornada de um músico pode ser desafiadora, mas é também profundamente gratificante. Com uma abordagem consciente e profissional, é possível transformar essas dificuldades em oportunidades, garantindo não apenas a sobrevivência, mas o florescimento de uma carreira artística.

 
 
 

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